Mesmo tendo morrido com apenas 26 anos, deixou mais de 200 composições, entre elas inúmeros clássicos indiscutíveis como “Palpite Infeliz”, “Feitiço da Vila”, “Conversa de Botequim”, “Último Desejo”, “Silêncio de um Minuto”, “Pastorinhas” e “Com Que Roupa?”.
Com Que Roupa?
Agora vou mudar minha conduta, eu vou pra luta
pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bru.....ta, pra poder me reabilitar
Pois esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Agora, eu não ando mais fagueiro, pois o dinheiro não
é fácil de ganhar
Mesmo eu sendo um cabra trapacei.....ro, não consigo ter nem pra gastar
Eu já corri de vento em popa, mas agora com que roupa?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Eu hoje estou pulando como sapo, pra ver se escapo
desta praga de urubu
Já estou coberto de farrapo, eu vou acabar
ficando nu
Meu paletó virou estopa e eu nem sei mais com que roupa
Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou pro samba que você me
convidou?
CONVERSA DE BOTEQUIM
Quem nasce lá na Vila
Quem nasce lá na Vila Nem sequer vacila Ao abraçar o samba Que faz dançar os galhos, Do arvoredo e faz a lua, Nascer mais cedo. Lá, em Vila Isabel, Quem é bacharel Não tem medo de bamba. São Paulo dá café, Minas dá leite, E a Vila Isabel dá samba. A vila tem um feitiço sem farofa Sem vela e sem vintém Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço descente
Que prende a gente
O sol da Vila é triste Samba não assiste Porque a gente implora: "Sol, pelo amor de Deus, não vem agora que as morenas vão logo embora" Eu sei tudo o que faço sei por onde passo paixao nao me aniquila Mas, tenho que dizer, modéstia à parte, meus senhores,
Eu sou da Vila!
GAGO APAIXONADO
Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago Não po-posso com a cru-crueldade da saudade Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago
Tem tem pe-pena deste mo-moribundo Que que já virou va-va-va-va-ga-gabundo Só só só só por ter so-so-sofri-frido Tu tu tu tu tu tu tu tu Tu tens um co-coração fi-fi-fingido Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago Não po-posso com a cru-crueldade da saudade Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago Teu teu co-coração me entregaste De-de-pois-pois de mim tu to-toma-maste Tu-tua falsi-si-sidade é pro-profunda Tu tu tu tu tu tu tu tu Tu vais fi-fi-ficar corcunda!
PALPITE INFELIZ
Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também
Para Noel na Vila isabel
Fazer poema lá na Vila é um brinquedo
Ao som do samba dança até o arvoredo
Eu já chamei você pra ver
Você não viu porque não quis
Quem é você que não sabe o que diz?
A Vila é uma cidade independente
Que tira samba mas não quer tirar patente
Pra que ligar a quem não sabe
Aonde tem o seu nariz?
Quem é você que não sabe o que diz?
Apesar da tuberculose que o atacou desde cedo, obrigando-o a internações em sanatórios, jamais abandonou a boêmia, o samba na rua, a bebida, o cigarro. Depois de sua morte, em 1937, sua obra caiu em um certo esquecimento, sendo redescoberta por volta de 1950, quando Aracy de Almeida lançou com enorme sucesso dois álbuns de 78 rotações com músicas suas. Desde então passou a figurar na galeria dos nomes fundamentais do samba.
Em cada novo amanhecer
"Pra Que Chorar" foi composta por Baden Powell e Vinicius de Moraes e se tornou um dos clássicos dos Cariocas quando foi gravada para o disco "A Bossa dos Cariocas", lançado em 1963.
É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol É peroba no campo, é o nó da madeira Caingá candeia, é o matita-pereira É madeira de vento, tombo da ribanceira É o mistério profundo, é o queira ou não queira É o vento ventando, é o fim da ladeira É a viga, é o vão, festa da cumeeira É a chuva chovendo, é conversa ribeira Das águas de março, é o fim da canseira É o pé, é o chão, é a marcha estradeira Passarinho na mão, pedra de atiradeira É uma ave no céu, é uma ave no chão É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão É o fundo do poço, é o fim do caminho No rosto um desgosto, é um pouco sozinho É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando É a luz da manha, é o tijolo chegando É a lenha, é o dia, é o fim da picada É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada É o projeto da casa, é o corpo na cama É o carro enguiçado, é a lama, é a lama É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã É um resto de mato na luz da manhã São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É uma cobra, é um pau, é João, é José É um espinho na mão, é um corte no pé São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz
Quando te vê E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim foges de mim
Ah se tu soubesses como eu sou tão carinhoso
E o muito muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem vem vem vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feiz, bem feliz